A Biomedicina é o estudo que diagnostica e possibilita o tratamento das mais diversas patologias, contribuindo para o controle de fatores que interferem no ecossistema, descobrindo causas, prevenção e realizando diagnósticos. Dentre as áreas de atuação da biomedicina temos a área de citologia oncótica, onde se realiza análises microscópicas das características celulares, utilizada na detecção de lesões tumorais, como o exame de Papanicolau. O exame de Papanicolau pode detectar o câncer de colo de útero em estágio inicial ou detectar características anormais nas células que podem estar relacionadas ao desenvolvimento desse tipo de neoplasia, podendo também localizar condições não cancerígenas, como infecções causadas por vírus no colo do útero principalmente resultantes da infecção por Papilomavirus Humano (HPV). O HPV é conhecido como a infecção sexualmente transmissível (IST) de maior ocorrência no mundo. Sua transmissão viral acontece por meio do contato sexual pele a pele ou pele-mucosa, o vírus adentra no epitélio por meio de microfissuras ou no colo uterino pelas células metaplásicas atingindo as células das camadas profundas e em seguida infectando-as. O biomédico é capacitado para realizar o exame de Papanicolau e interpretar os resultados, identificando possíveis alterações nas células do colo do útero que indiquem a presença do HPV ou outras condições que exijam acompanhamento médico. Além disso, o profissional pode atuar na área de pesquisa e desenvolvimento para novas técnicas de diagnóstico do HPV, contribuindo para a melhoria da detecção precoce e tratamento dessa infecção viral que pode levar ao câncer do colo de útero. O biomédico executa um papel fundamental no diagnóstico do HPV executando testes laboratoriais precisos e interpretando os resultados. A interpretação dos resultados laboratoriais realizado pelo biomédico é essencial para orientar o tratamento adequado e monitorar o avanço da infecção. Sua competência é importante para garantir um diagnóstico preciso e auxiliar na prevenção e controle do HPV.
Palavras-chave: citologia oncótica, papanicolau, papilomavírus humano.
A Biomedicina é uma área de estudo que se dedica ao diagnóstico e tratamento de diversas doenças, além de contribuir para o controle ambiental. Os biomédicos são profissionais de saúde com formação superior, capacitados para apoiar o diagnóstico, gerenciar, coordenar e controlar atividades relacionadas à saúde. Existem mais de 35 especializações na biomedicina, incluindo a citologia oncótica, que se concentra na análise microscópica das células para detecção de lesões tumorais. Um exemplo prático dessa especialização é o exame Papanicolau, que analisa individualmente células coletadas de diferentes partes do corpo, revelando informações importantes de acordo com a origem do material coletado.1 O exame de Papanicolau, também conhecido como colpocitologia oncótica, é uma opção econômica e eficaz para identificar casos que necessitam de encaminhamento para colposcopia e biópsia. Seu principal objetivo é detectar o câncer de colo de útero em estágios iniciais, bem como identificar características celulares anormais que possam estar relacionadas ao desenvolvimento desse tipo de câncer. Além disso, o exame pode identificar condições não cancerígenas, como infecções por HPV. Também é capaz de fornecer informações sobre níveis hormonais, especialmente estrogênio e progesterona. O exame de Papanicolau é simples, rápido e indolor, realizado em ambulatório, tornando-se uma opção efetiva e eficiente para rastreamento em larga escala, além de ser de baixo custo. A coleta é feita na ectocérvice e endocérvice usando uma espátula de Ayres e uma escovinha, permitindo ao médico inspecionar visualmente a vagina e o colo do útero. O material coletado é fixado e corado por um profissional qualificado, e os resultados são classificados com base nas lesões observadas, como ASCUS, LSIL, NIC1 ou HSIL.2
O desenvolvimento do câncer cervical após a infecção por HPV de alto risco geralmente leva de 10 a 20 anos. A maioria das mulheres infectadas não apresenta sintomas, já que a infecção pelo HPV costuma ser assintomática. As verrugas genitais, quando aparecem, podem levar de 2 meses a 20 anos para se manifestar e variar em tamanho, podendo ocorrer no ânus, nos grandes e pequenos lábios. Além disso, podem causar coceira e ardência ao redor das lesões, formando placas de pequenas verrugas. A infecção por HPV está se tornando mais comum entre os jovens, devido à falta de conscientização e à resistência ao tratamento, o que contribui para o aumento dos casos da doença. A dificuldade de visualização das lesões e a ausência de sintomas complicam a detecção precoce por parte dos pacientes. 3 O biomédico especializado em citologia oncótica desempenha um papel crucial na detecção e rastreamento de lesões, usando exames citopatológicos para analisar raspados e aspirados de diferentes partes do corpo. Além disso, eles podem atuar em imunohistoquímica e imunocitoquímica, assumindo responsabilidade técnica e assinando laudos. A atuação desse profissional requer amplo conhecimento não apenas em diagnóstico, mas também na gestão de serviços de saúde públicos e privados. A especialização em citologia oncótica não se limita à análise de células, permitindo que o biomédico participe do desenvolvimento de novas metodologias para melhorar a precisão no diagnóstico de doenças malignas. Além disso, eles desempenham um papel fundamental em programas de prevenção de câncer, compartilhando seu conhecimento em citologia e anatomia patológica para combater eficazmente doenças malignas, como câncer de colo de útero e mama, entre outras áreas corporais.
O curso de Biomedicina foi originalmente criado com o propósito de formar professores especializados em disciplinas fundamentais das áreas de medicina e odontologia, além de capacitá-los para realizar pesquisas científicas em ciências básicas e aplicadas. Em 1970, surgiu o curso de Biomedicina, abrindo novas oportunidades de trabalho em atividades laboratoriais relacionadas à medicina. Após anos de luta para regulamentar a profissão, com o envolvimento de instituições de ensino e graduados, os biomédicos conquistaram gradualmente reconhecimento e o direito de realizar análises clínicas laboratoriais, consolidando assim seu lugar no mercado de trabalho. 5 Definimos Biomedicina como um campo multidisciplinar voltada para a prevenção, promoção e recuperação da saúde por meio de pesquisas científicas, diagnósticos complementares e atuações diversas em campos como o da perfusão extracorpórea, diagnóstico laboratorial, práticas estéticas avançadas, entre outras. O biomédico é um profissional conhecido por sua luta em favor do bem-estar da população, estando a serviço da saúde e da ciência, colaborando para uma melhor expectativa de vida da sociedade. O ramo de atividade profissional é abundantemente variado, visando facilitar a atuação de novos biomédicos e impactar a sociedade sobre a importância da Biomedicina em relação a saúde do país. 6 O curso de biomedicina oferece 35 áreas de especialização, incluindo a Citologia Oncótica, que se concentra na análise microscópica das células para detectar lesões tumorais. Os biomédicos especializados nessa área podem coletar material cérvico-vaginal e realizar a leitura das lâminas, exceto para o método de punção aspirativa por agulha fina (PAAF). Eles também podem realizar a leitura de citologia de raspados e aspirados de lesões e cavidades do corpo por meio do exame de Papanicolau, conhecido como Colpocitologia Oncótica. 1 2.2 O EXAME CITOPATOLÓGICO (EXAME DE PAPANICOLAU) O exame de Papanicolau é um exame preventivo que realiza a análise das células provenientes da ectocérvice e da endocérvice, extraídas pela raspagem do colo do útero. Esse exame está entre as medidas preventivas realizadas pelos meios de saúde no combate ao câncer do colo do útero. É um rastreamento feito em mulheres que se encontram em margens de risco, iniciando-se em mulheres a partir de 25 anos a 60 anos. 7 O exame de Papanicolau capta amostras de células da junção escamocolunar (JEC) do colo uterino, onde ocorre a metaplasia escamosa e a entrada do papilomavírus humano (HPV), responsável pela maioria dos cânceres cervicais. Atualmente, o exame é realizado de duas formas: com esfregaços convencionais, que usam pincel e espátula para coletar células e fixálas em lâminas, e com esfregaços de preparação à base de líquido, que envolvem a coleta de células da zona de transformação do colo do útero usando uma escova e transferindo-as para um frasco de conservante líquido. 8 O exame deve ser realizado todo ano por mulher com idade entre 25 e 64 anos ou mulheres que possuam vida sexual ativa. Ao receber um bom prognóstico por dois anos seguidos, a paciente pode realizar o exame com intervalo de três anos. Para uma diminuição dos casos de câncer do colo do útero, é necessário fazer uma cobertura de acesso ao exame preventivo na população feminina garantindo o tratamento adequado dos pacientes com diagnósticos alterados.
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO O câncer de colo do útero é a terceira neoplasia maligna mais comum entre as mulheres no Brasil. Sua progressão é gradual e pode levar até 14 anos para se desenvolver completamente. Começa com pequenas alterações nas células, conhecidas como displasia, que, se não tratadas, podem progredir para um estágio mais avançado. Após cerca de três anos das primeiras alterações celulares, pode surgir um tumor localizado chamado carcinoma in situ, que se desenvolve ao longo de seis anos e se torna um carcinoma invasor, dominando a mucosa do útero. 10 A detecção precoce do câncer de colo do útero (CCU) é crucial para aumentar as chances de tratamento bem-sucedido. A causa do CCU está relacionada a hábitos de vida, fatores ambientais e condições socioeconômicas precárias. Vários fatores de risco, como tabagismo, multiparidade, múltiplos parceiros sexuais, uso de anticoncepcionais orais, início precoce da atividade sexual e baixa ingestão de vitaminas, podem contribuir para essa doença, mas o principal fator é o Papilomavírus humano. O exame de Papanicolau é o método mais comum para a detecção precoce, permitindo a identificação de lesões precursoras e estágios iniciais da doença, mesmo em mulheres assintomáticas. 11 2.4 O PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum globalmente, afetando cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, com aproximadamente 80% da população sexualmente ativa já tendo tido contato com o vírus em algum momento. O HPV é um vírus DNA que causa verrugas genitais, lesões precursoras e câncer, com maior incidência no colo do útero e regiões anogenitais. Existem mais de 200 tipos de HPV, sendo os tipos 16 e 18 os mais frequentes em cânceres de colo de útero e outros sítios, como vagina, vulva, ânus, orofaringe e pênis. Outros tipos, como HPV-6 e HPV-11, estão associados a condilomas acuminados e papilomatose recorrente juvenil.
A TRANSMISSÃO DO PAPILOMAVÍRUS HUMANO O HPV é transmitido através de contato sexual pele a pele ou pele-mucosa, sendo que após três anos com o mesmo parceiro, cerca de 46% das mulheres já podem ter adquirido o vírus, com a possibilidade de contaminação na primeira relação sexual. O vírus entra no epitélio através de microfissuras ou no colo uterino pelas células metaplásicas, afetando células profundas e podendo permanecer latente ou se propagar para as camadas superficiais do epitélio. Ele atua de duas maneiras na célula: como forma epissomal, produzindo cópias virais, ou como forma integrada ao DNA do hospedeiro, iniciando potencialmente o processo de câncer. O HPV pode causar lesões intraepiteliais escamosas (SIL), especialmente de alto grau (HSIL) ou neoplasia intraepitelial de alto grau (NIC 2 e 3), consideradas precursoras do câncer cervical. Surpreendentemente, a infecção natural não cria imunidade suficiente para proteger contra uma nova infecção, tornando as mulheres soropositivas igualmente suscetíveis à reinfecção em comparação com as mulheres soronegativas, revelando a ineficácia da imunidade adquirida naturalmente.
O TRATAMENTO DO HPV O tratamento das verrugas anogenitais, conhecidas como condilomas, tem como objetivo remover as lesões visíveis, mas não altera a progressão natural da infecção pelo HPV. Mesmo sem tratamento, as lesões podem desaparecer sozinhas, permanecer inalteradas ou aumentar em número e tamanho. O tratamento não elimina a infecção pelo HPV, que pode permanecer inativa nas células infectadas por longos períodos, permitindo a possibilidade de recorrência dos sintomas após meses ou anos, mesmo após a remoção das lesões. Portanto, o tratamento das verrugas visa apenas a remoção das lesões visíveis, com recorrências frequentes. A abordagem do tratamento deve ser personalizada, considerando a natureza das lesões, os recursos médicos disponíveis, possíveis efeitos colaterais e a experiência do profissional de saúde. É fundamental buscar orientação médica para avaliar as opções de tratamento e determinar a melhor abordagem, considerando a eficácia e os possíveis efeitos adversos.
A PREVENÇÃO DO HPV As vacinas preventivas contra o HPV são uma estratégia fundamental para reduzir a incidência e mortalidade relacionadas a cânceres causados por esse vírus. Elas atuam como uma intervenção primária, prevenindo a infecção pelo HPV antes mesmo que ocorra. Ao serem administradas antes do contato com o vírus, essas vacinas limitam sua disseminação, reduzindo assim o risco de desenvolver neoplasias. Para garantir uma adesão eficaz à vacinação, é crucial educar a comunidade sobre o HPV, seus métodos de transmissão e os riscos associados à infecção por meio de campanhas educativas, palestras, materiais informativos e o envolvimento de profissionais de saúde, escolas e outros agentes comunitários. É essencial promover a conscientização, fornecer informações sobre a vacina e abordar questões de aceitação e confiança para incentivar a vacinação em m0eninas na faixa etária recomendada, antes do início da atividade sexual. 14 As vacinas anti-HPV têm o objetivo de prevenir a infecção pelo vírus e reduzir o risco de desenvolver neoplasias cervicais. Existem duas vacinas no Brasil: uma quadrivalente, que protege contra os tipos 16, 18, 6 e 11 do HPV, e uma bivalente, que protege apenas contra os subtipos 16 e 18. Essas vacinas estimulam a produção de anticorpos no organismo das pessoas vacinadas. É importante destacar que as vacinas contra o HPV são estritamente preventivas e não têm eficácia comprovada no tratamento de infecções pré-existentes ou doenças já estabelecidas, como câncer de colo do útero, lesões cervicais de alto grau, verrugas genitais, entre outras. Portanto, a vacina é eficaz quando administrada antes do contato com o vírus, desempenhando um papel crucial na prevenção de infecções futuras pelo HPV e no subsequente desenvolvimento de doenças relacionadas. A vacinação é mais eficaz em indivíduos que ainda não foram expostos ao vírus e deve ocorrer antes do início da atividade sexual.
A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO PARA O DIAGNÓSTICO DO HPV O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus de DNA de dupla cadeia que pertence à família Papillomaviridae. Ele invade o epitélio escamoso, causando lesões cutâneas e mucosas, especialmente na área anogenital. Existem mais de 200 tipos de HPV, com cerca de 40 afetando principalmente a região anogenital. O diagnóstico envolve exames clínicos, realizados por médicos ou enfermeiros para observar as lesões, e exames laboratoriais, feitos em laboratórios de análises clínicas, como a detecção de DNA viral usando técnicas como a PCR. O biomédico desempenha um papel importante no diagnóstico do HPV, aplicando seu conhecimento em análises laboratoriais e conduzindo exames específicos para identificar o vírus.
Câncer de colo do útero - Terceiro câncer mais comum entre mulheres no Brasil. - Evolui lentamente, de displasia a carcinoma in situ e, finalmente, carcinoma invasor. - Fatores de risco incluem HPV, tabagismo e mais. - Detecção precoce é crucial para tratamento bem-sucedido. Papilomavírus humano (HPV) - Vírus de DNA associado a verrugas genitais e cânceres, principalmente de colo de útero. - Mais de 200 Tipos identificados, sendo HPV-16 e HPV-18 os mais comuns em câncer. - Transmissão sexual. - Importância da vacinação para prevenção. Transmissão do papilomavírus humano - Transmissão por contato sexual pele a pele ou pele-mucosa. - Maior risco no primeiro contato sexual. - Infecção pode permanecer latente por muito tempo. - Lesões precursoras levam ao câncer. - Imunidade natural não protege contra reinfecção. Tratamento do HPV - Tratamento visa remover verrugas visíveis, mas não elimina a infecção. - Lesões podem desaparecer sozinhas ou recorrer após tratamento. - Importante personalizar tratamento. Prevenção do HPV - Vacinas preventivas são estratégia primária de prevenção. - Educação, campanhas E conscientização são essenciais. - Vacinas disponíveis para HPV16/18 e HPV-6/11/16/18. - Eficácia na prevenção de infecções futuras e doenças associadas. Importância do profissional biomédico - Biomédicos desempenham papel crucial no diagnóstico do HPV. - Realizam análises laboratoriais e exames como citologia oncótica. - Contribuem para identificação precoce e campanhas de conscientização. - Redução de casos graves e mortes por câncer de colo do útero.